maio 18, 2007

O Brilho das Imagens

Os retábulos de altar e as imagens devocionais (pinturas, esculturas e relevos) que esta exposição apresenta foram seleccionados da colecção de arte medieval do Museu Nacional de Varsóvia.

A selecção de peças é bem demonstrativa da evolução das principais expressões criativas e das declinações formais da arte gótica num vasto espaço territorial centro-europeu, surpreendendo não só pela escala e magnificência visual de muitas das imagens, como também pela complexidade dos seus referentes plásticos face a modelos e centros polarizadores (Itália e Flandres) da arte ocidental europeia durante a Baixa Idade Média.

Ora evidenciando um franco acolhimento de influências externas, ora privilegiando linguagens de cariz mais local e vernacular, as obras expostas propõem uma franca percepção das relações entre centros e periferias artísticas num largo período histórico (séculos XII-XVI), estimulando também nesse contexto um diálogo fundamental com a diversidade do próprio acervo do MNAA em pintura e escultura.

A cronologia, a iconografia, o uso ou a função das imagens, ainda que referenciais, não estruturam matricialmente a narrativa da exposição. A optimização das condições de visibilidade de duas disciplinas artísticas distintas, da pintura e da escultura, foi também considerada na organização de dois percursos que pontualmente se entrecruzam.

Se tivermos em conta que num âmbito nacional e internacional a cedência temporária de pinturas e esculturas de idêntica cronologia e de idêntica fragilidade material deixou de ser uma prática recorrente para se transformar num facto singular, a possibilidade de ver um tão relevante conjunto de obras medievais temporariamente retiradas, pela primeira vez, da exposição permanente do principal museu da Polónia, constitui por si só um acontecimento.



Até 17 de Junho no Museu Nacional de Arte Antiga

Via @ctualidade digital

5 comentários:

Frioleiras disse...

Excelente, esta exposição !

E já agora o MNAA merece outra visita... a "nova cara " do Museu,
com o anexo reformulado, e a pintura portuguesa .... exposta de um modo lindíssimo, com os paineis de S Vicente logo em destaque, mal se sobem as escadas... e a mistura (temporária) de arte contemporânea com a arte antiga... excelente o Croft mesmo em frente ao Hieronymus Bosch !

ABA disse...

Pese embora a importância iconográfica da Exposição de pintura, o destaque vai inteiro para duas esculturas de Cristo, fantásticas de realismo... quase blasfemas!

O Croft merece uma abordagem prolongada; porém, quase se dispensavam as estruturas em ferro: as leituras possíveis a partir dos espelhos assumem o papel principal! mas quem sou eu...

o Reverso disse...

por motivos vários ainda não vi o brilho das imagens.
mas irei, com o meu cartão de "amigo do museu".



entrei aqui hoje pela primeira vez.
voltarei.

Frioleiras disse...

Tens razão no que referes às estruturas metálicas... Confesso que gosto muito do Croft... É talvez o meu escultor português preferido (embora a minha costela kitsch me puxe para o João P Vale e para a Joana Vasconcelos).
Mas gostei do Bibenstein e também do novo sítio dos paineis.... Virados paa eles ficamos de costas para esse enorme triunfo barroco ... 2 épocas marcantes da nossa hist (e hist d arte)
Gosto mt do MNAA tal como ele está agora...
Adorei, deveras esta exposição da Polónia e a minha escultura preferida foi a da Sra das Dores com o S- João ... imensamente terna e imensamente dorida...

Frioleiras disse...

A propósito de "artistas" portugueses...

A Fernanda Fragateiro no CCB (eu teimo em chamar-lhe CCB e não Museu Colecção Berardo...), a Joana de Vasconcelos (que tanto a ver tem com o Comendador Berardo mas de cuja obra, confesso, gosto... ou eu não gostasse do kitsch..)e, soberanamente
a Helena Almeida !!!!