dezembro 19, 2007

Eros - Thanatos

Sempre que mato alguém, fico um bocado chateado...

Disse, há uns vinte anos, um condenado por inúmeros crimes violentos, entrevistado na Penitenciária.

Nos anos vinte, o crime passional fez escola na arte franco-alemã. Esta obra de René Magritte (1898-1967) é um dos expoentes desse período.


A sala. Numa chaise-longue, o corpo de uma mulher degolada, enquanto o cavalheiro, distinto, ouve música, para descontrair e os gendarmes cercam o espaço.
Em suspenso, característico no surrealismo.

novembro 28, 2007

impressionnons - nus



Na passagem do centésimo trigésimo sétimo aniversário da morte de Monsieur Frederic Bazille, ano em que terminou
La Toilette (1869-70).

novembro 20, 2007

Estudos Anatómicos de Leonardo da Vinci

No último sábado fui ao Palácio de Cristal ver a Genial Exposição de um dos melhores homens que a História conheceu.

Os modelos das suas invenções em exposição merecem ser vistos atentamente, pois dão-nos uma ideia do génio de Leonardo. Dá vontade de mexer em tudo, por as engenhocas a funcionar!

Composto unicamente de reproduções de fraca qualidade e sem uma descrição para além da identificação da obras expostas, o núcleo de pintura é pobrezinho.

Alguns dos desenhos que aqui são publicados, já os tinha visto durante a Expo 98, mas a confusão era tal que não tive paciência para uma visita mais demorada.







setembro 05, 2007

Joie de vivre, de Pierre Bonnard

O trabalho de Pierre Bonnard (1867-1947) reflete um leque variado de influências, desde os seus contemporâneos Gaugin e Cézanne, passando pela Arte Nova até à Arte Japonesa.

Globalmente, os seus quadros possuem uma serenidade calma, contrastante com a exuberância dos seus mosaicos e a sumptuosidade alegre das suas tapeçarias.

A sua percepção da sensualidade sobrepõe-se assim aos juizos valorativos sobre os temas.



Uma jovem está deitada nua numa banheira cheia de água.

Neste Nu Feminino, Bonnard cria um caleidoscópio de zonas luminescentes e cintilantes, numa explosão de cores lilás, laranja, rosa, vermelho, azul e dourado.

O reflexo da luz na água, na pele da jovem e na parede, fazem com que o corpo se funda com as cores dominantes.



agosto 23, 2007

con amore, senza impegno...

do meu querido amigo Nadir Bonaccorso.



aço escovado e vidro fosco
25 cm x 5 cm x 5 cm




aço escovado e madeira





aço escovado e vidro fosco
40 cm x 10 cm x 10 cm

agosto 13, 2007

O Tempo dos Sonhos



“Com Mário Rita as diferentes qualidades/características espaciais tornam-se evidentes através das subtis manipulações dos corpos e linhas geométricas: as casas prolongam-se indefinidamente até aos limites da tela, os corpos (como em Alice) chegam aos confins, para lá do olho.
O corpo surge não só como modo de ocupação dos espaços pictóricos que Mário Rita desenha, mas como prolongamentos naturais de todas as formas geométricas: lembrem-se as passagens na Alice de Lewis Carrol em que o corpo de transforma em casa e a casa no corpo.
Não é o caso em que a minha casa é o meu corpo, mas o paradigma é o de a minha casa ter de ser feita à medida do meu corpo, para o meu corpo habitar: um princípio fisionómico em que o homem é a medida padrão de todas as grandezas.
Em última instância, trata-se da descoberta da coincidência do corpo humano com a génese da ocupação/utilização que as formas fazem no espaço, isto é, com a própria arquitectura”.



Alice significa, em termos filosóficos, que a percepção que se tem das coisas está sempre a sofrer alterações: atribuem-se significados e qualidades às coisas não com base num critério objectivo, físico, verificável, mas porque o nosso aparelho sensitivo vai estabelecendo com essas coisas diferentes relações.
Sendo esta a base das qualidades do mundo, tudo passa a inscrever-se num horizonte de instabilidade.





Textos de Nuno Crespo

A Exposição de Mário Rita pode ser visitada no Museu da Cidade até 2 de Setembro

julho 24, 2007

desperdício de almas

O Príncipe de Montparnasse morreu novo, cedo para ser reconhecido como um dos grandes talentos da pintura no início do século XX. Apesar da vida de boémio (como se fosse possível viver de outra forma, no antro de deboche que era Montparnasse naquele tempo!) deve ter encontrado na pintura a felicidade que a vida lhe recusou. Acontece a muito boa gente.

Amadeo Modigliani (1884-1920) inspirou-se nos Mestres Botticelli, Correggio e Giorgione para criar o seu próprio estilo, "a muda aceitação da vida" - os rostos ovais, os pescoços alongados - quase caricaturais-, impregnados de uma sensualidade raramente obtida pela nudez.

Quando em 1906 se mudou para Paris, integrou-se no movimento avant-garde, onde se cruzavam artistas como Picasso, Brancusi, Mondrian e Braque.


Muitas das mulheres retratadas por Modi eram suas amantes, ou paixões, como a poetisa russa Anna Akhmatova, a escritora britânica Beatrice Hastings, por quem Modigliani teve uma atracção platónica e a estudante de arte Jeanne Hébuterne (retratada nestas duas imagens), que se suicidou no dia seguinte à morte de Modigliani.







maio 18, 2007

O Brilho das Imagens

Os retábulos de altar e as imagens devocionais (pinturas, esculturas e relevos) que esta exposição apresenta foram seleccionados da colecção de arte medieval do Museu Nacional de Varsóvia.

A selecção de peças é bem demonstrativa da evolução das principais expressões criativas e das declinações formais da arte gótica num vasto espaço territorial centro-europeu, surpreendendo não só pela escala e magnificência visual de muitas das imagens, como também pela complexidade dos seus referentes plásticos face a modelos e centros polarizadores (Itália e Flandres) da arte ocidental europeia durante a Baixa Idade Média.

Ora evidenciando um franco acolhimento de influências externas, ora privilegiando linguagens de cariz mais local e vernacular, as obras expostas propõem uma franca percepção das relações entre centros e periferias artísticas num largo período histórico (séculos XII-XVI), estimulando também nesse contexto um diálogo fundamental com a diversidade do próprio acervo do MNAA em pintura e escultura.

A cronologia, a iconografia, o uso ou a função das imagens, ainda que referenciais, não estruturam matricialmente a narrativa da exposição. A optimização das condições de visibilidade de duas disciplinas artísticas distintas, da pintura e da escultura, foi também considerada na organização de dois percursos que pontualmente se entrecruzam.

Se tivermos em conta que num âmbito nacional e internacional a cedência temporária de pinturas e esculturas de idêntica cronologia e de idêntica fragilidade material deixou de ser uma prática recorrente para se transformar num facto singular, a possibilidade de ver um tão relevante conjunto de obras medievais temporariamente retiradas, pela primeira vez, da exposição permanente do principal museu da Polónia, constitui por si só um acontecimento.



Até 17 de Junho no Museu Nacional de Arte Antiga

Via @ctualidade digital

maio 08, 2007

à la fin, tes démons seront tes meilleurs amis



Frapper la femme monstre de sagesse
Captiver l'homme à force de patience
Doucer la femme pour éteindre l'homme
Tout contrefaire afin de tout réduire
Autant rêver d'être seul et aveugle.


A partir de um post publicado originalmente no Luminescências


fevereiro 04, 2007

"Leituras" ao Domingo



A Exposição Vincent van Gogh and Expressionism pretende mostrar a profunda influência - tratamento da luz, brilho e côr - que o pintor holandês teve no movimento Expressionista, nomeadamente no trabalho de artistas alemães e austríacos, como Karl Schmidt-Rottluff, Emil Nolde, Ernst Ludwig Kirchner, Max Pechstein, Wassily Kandinsky, Paul Klee, Alexej von Jawlensky, Gustav Klimt, Egon Schiele e Oskar Kokoschka, criadores também representados.



O Catálogo da Exposição - da autoria do Curador Jill Lloyd, com capa de Max Pechstein - custa €24,50 na loja online do Museu (não inclui portes), 10 euros mais barato que na Fnac!



Ilustração da capa:
Young woman with red fan, 1910




Leitura de hoje: Vincent van Gogh and Expressionism, numa aula de 45 minutos dada pelo curador convidado Jill Lloyd, no Van Gogh Museum em Amsterdão.

Between 1890 and 1914 Vincent van Gogh emerged from almost total obscurity to be hailed as one of the founders of modern art. He was especially admired in Germany, where museums and collectors soon began acquiring his works. This lecture focuses on Van Gogh’s paintings in German and Austrian collections and the impact these had on artists such as Ernst Ludwig Kirchner and Oskar Kokoschka.

janeiro 30, 2007

Coisas complicadas


A Virgem grávida, isolada por José depois de saber que ela carrega um feto dentro de si.
Nesta representação, a Virgem parece querer desfazer-se da criança, ao tentar espetar uma agulha na barriga.
Se naquele tempo houvesse testes de ADN, não sei se a história terminava assim.

janeiro 21, 2007

Condição humana, de Oskar Kokoschka

Este checo de nome engraçado esteve presente na Exposição de Amadeo de Souza-Cardoso - Diálogo de Vanguardas com um conjunto de litografias do período 1906-1908.


“El arte de la representación humana propio de Kokoschca cobra una posición excepcional y destacada dentro de la pintura europea del siglo XX. Retratos como el del distinguido matrimonio compuesto por Victoire y Joseph de Montesquiou-Fezensac o el del aristócrata italiano Conte Verona, enfermo de tisis, que pintó en el sanatorio de tuberculosos Mont Blanc en Leysin a comienzos de 1910, durante su primer viaje a Suiza en compañía de Adolf Loos, evidencian de manera estremecedora la forma despiadada en que Kokoschka, bajo la influencia de la pintura de Edvard Munch y Vincent van Gogh, espolea más allá de la máscara del decoro su indagación de la conditio humana, alentada por la empatía y la piedad. La compostura aparente, mantenida únicamente con esfuerzo o incluso perdida por completo, no llega a distraer nuestra atención del desvalimiento, desamparo y soledad que nos salen al encuentro desde estos rostros.

Y sin embargo, qué diferente el aura cautivadora que irradia el retrato de Bessie Bruce, entonces compañera de Adolf Loos, cuya enfermedad pulmonar motivó el viaje al lago Lemán que emprendieron con ella Loos y Kokoschka. (…) Los retratos de Adolf Loos y Herwarth Walden, que se llevó a Kokoschka a Berlín en 1910 para que colaborara desde el primer momento en la redacción de la revista Der Sturm, fundada por él como portavoz de la vanguardia artística europea, son iconos de la amistad, desde los que habla un profundo agradecimiento. Este profundo agradecimiento late también tras la delicada ternura con que ha captado y reproducido los rasgos de Lotte Franzos.” (Johann Winkler)




janeiro 08, 2007

Hiper-Realismo, de Ron Mueck



For Untitled (Big Man), Mueck used an airbrush to apply the final smooth layer of paint, which convincingly resembles human flesh. In addition to being an exploration of anatomy and illusionism, Untitled (Big Man) is a study in color; blue eyes and veins contrast with the yellow undertones of hairless pink skin. Mueck's sculpture, unlike the classical nudes of Ancient Greece and the European Renaissance which celebrate human beauty and proportions, presents the viewer with a monumental yet unidealized version of the human body that emphasizes its physical presence, fleshiness, and weight.
Kristen Hileman, 2001

Para quem tiver possibilidade de ir ao Brooklyn Art Museum até 4 de Fevereiro, pode aproveitar para ver também a Exposição 700 Anos de Pintura Europeia.

janeiro 06, 2007

a moderninade, na linguagem da côr

Escolhemos o dia de anos da minha princesa para ver a Exposição Sonia Delaunay. Atelier simultané 1923-1934.
O mais divertido desta colecção de esboços para tecidos em gouache sobre papel, é imaginar as expressões de pessoas que há 70 ou 80 anos se deslocavam ao Atelier de Sonia Delaunay para escolher padrões de tecidos. Deve ter sido um gozo!
Parabéns, filhinha querida!



Sonia Delaunay utiliza a estética do simultaneísmo em objectos têxteis, padrões de tecidos que lhe estimularam a criatividade e permitiram-lhe a própria subsistência, sobretudo após o seu regresso definitivo a Paris, em 1921.
Em 1923 uma empresa têxtil de Lyon encomenda-lhe padrões de tecidos. Foi a profissionalização de uma vocação e as suas concentração nos guaches que, apesar da técnica e do pequeno formato, são experiências plásticas, pesquisas baseadas na sensibilidade e pensadas como pintura.



Em 1924 funda o Atelier Simultané, onde são impressos os tecidos simultâneos e produzidos os acessórios. Entre 1923 e 1934 (data em que os Delaunay decidem de deixar o nº 19 do boulevard Malesherbes onde funcionava o Atelier Simultané) Sonia Delaunay realiza inúmeros “desenhos de tecidos” como lhes chamou, numa pesquisa puramente pictórica de relações de cores com formas geométricas ritmadas.


Era um trabalho de que Sonia gostava e o guache sobre papel foi uma técnica que lhe serviu particularmente; mais leve, rápido e fluído do que o óleo sobre tela, permitiu-lhe multiplicar experiências.






Múltiplas variações executadas metodicamente num ritmo frenético, em cadernos e folhas soltas, com numerações da própria artista, séries de variantes, sucessões e imbricados de estruturas, formas e cores, contrastes, todas estas obras permitiram a Sonia Delaunay de relacionar os desenhos de tecidos com a modernidade e a arte abstracta.



Numa linguagem sensível e rítmica, Sonia Delaunay conseguiu uma divulgação espectacular e democratizada de pesquisas pictóricas, palpitantes de sensibilidade que lhe conferem um lugar privilegiado na criação contemporânea, guaches sobre papel durante muito tempo desvalorizados.

janeiro 05, 2007

A sombra da dúvida


Henry Matisse, 1925-26


A Coexistência, possível pela insónia que te mantém acordada, num espaço a que não pertences, mas do qual te tornas cúmplice...