A luz fria e cintilante das paisagens e cenas de género de Jan-Siberechts ( 1627-1703), deu lugar neste Gabinete de amador a uma luminosidade mais quente, acompanhada do característico volume redondo que normalmente conferia aos corpos.
O casal coleccionador, rodeado de obras de pintura e escultura, dispostas sem ordem nem sentido, inversamente ao mosaico do chão.
A Marinha, de cunho holandês, atribuida ao também pintor de Antuérpia, Peeters; A Ordenha, característica das paisagens de Siberechts, o retrato que o jovem segura lembra o retratista Thomas Key e a grande natureza-morta de frutos, caça, macaco e gato lembra Jan Fyt - quadros dentro do quadro - representam a evocação dos seus contemporâneos.
Os tons das esculturas antigas, das paredes e dos rostos, revelam a preocupação do autor com a luz nas cenas de interior;
Mas o que me fascina neste quadro é o espelho na parede, que reflete a mão da senhora e o pequeno fio dourado, reflexo de luz na beira da mesa.
Para observar este nível de detalhe que uma obra prima merece, ou exige, é impossível ver esta Exposição en passant, ainda que signifique ter de voltar uma e outra vez.
Ainda não passei da primeira de oito salas!